terça-feira, 25 de maio de 2010

conto para uma criança

quando morávamos no mato
meus cabelos você penteava
eu era teu filho
além da espécie
teu pai
que te carregava
até quando você me pediu as costas
e eu te trouxe para cá
onde agora recebo essa bala
me despeço e me desculpo
por ser aos teus olhos
irracional
cavalo

segunda-feira, 24 de maio de 2010

o parque lotado
os animais
festejam as migalhas
falhas
tralhas

que nada
eles estão tudo entendendo
e até os mutantes
envelhecem

quinta-feira, 20 de maio de 2010

não sei se só eu
ou se todo mundo
sem querer dizer
perdemos o que investimos
cédulas ou células
a caixa
o porco
a economia

dispendiosa

perdi

não só hoje, mas está em mim
a perda

segunda-feira, 17 de maio de 2010

ficar só
dá preguiça
ao grito

o poeta sente
portantos

nada conclui
o gramado
é a cama
deste intervalo

cuidado para não
machucar
dói também
baobá
sóis
numérica vila
sou o orgânico
corredores
no alicerce
o conjunto dinâmico
paraíso

para isso


porque tua direita

é o meu inverso

peço o silêncio





loraiê

quinta-feira, 13 de maio de 2010

a pedra está a ser
por um momento
o fluido que a formou
se comportou
idêntico a
isso

insisto cada vez
duvidando
em forma de sentenças
quando tudo eventua
atua

não queria estar falando de tempo
mas vejo todos os dias na minha pele
suando o calor de tudo
isso
parece recente

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Hoje senti
de forma tão forte
cada estímulo
bom ou ruim
ou simplesmente
leve ou pesado

no gosto camarão seco
senti o mar exausto
mas tranquilo

o sorriso do reconhecimento
o conforto da presença

no sabor dos frutos
que cairam
das árvores

hoje, é apenas um dia
diferente de todos os outros

ordinários

segunda-feira, 3 de maio de 2010

As flores dos defuntos
são tão perfumadas
elas estão vivas
enfeitando calçadas
para os mortos passarem

domingo, 2 de maio de 2010

a formiga trabalha
"até de noite!"
e a economia só vive em crise

e assim, eu, indiferente
ou não
tento colocar-me
ando saltitando
quanticamente
raios de possibilidades
um guerreiro
senta sempre ao meu lado

disfarçado

para eu

treinar o frio da espada

que passa
decaptando ilusões
ninguém sabe de nada
mas vamos tudo aprender

criança toca fogo no formigueiro
se queima e volta lá
no quintal
eremitas coptas
fuga como tal
vez de querer

somos lagartas de fogo
esperando aquele que conosco
vem se queimar