quinta-feira, 29 de novembro de 2012

violência

gole seco
galho seco
punho serrado
dedo apontado
voz alterada
não é resposta a nada

só é
violência

eles podem me agredir

eles podem surtar a qualquer momento
podemos nos quebrar a qualquer instante
como louça que despedaça em três pedaços

eu posso surtar a qualquer instante

onde eu achava ser mais calmo
é um poço da violência
chega ao centro da terra

lava
seca
petrifica

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Barca



Barca de Paquetá. Dois andares. Embaixo, na parte de trás, ficam os coroas jogando baralho; na parte da frente, a velha guarda paquetaense mais comportada. Em cima, lá fora, fumantes de todo tipo despistando o controle; na parte de trás é a bagunça, pessoas falando alto, tomando cerveja e comendo salgadinho; na parte da frente, os jovens mais comportados, alguns lendo, outros com notebook ou celular, alguns poucos estudam pra concurso.
Alguns dormem os 70 minutos do trajeto. Outros nunca deixam de olhar a baía de Guanabara.

*

martim afonso [poesia de bruno barata]

uns conversam
muitos de cabeça baixa, cochilam
caça-palavras
proa e convés
crianças correm,
velhos e compras.
o distinto senhor
fuma um cigarro
como disfarce de seu peido
aparatos e tecnologias
comunicando e distraindo

**

martim afonso
itapuca
ipanema
lagoa
vital brazil
expresso macaé


itaipu



brinquedos


palavrasletras de bruno barata

porta

uma criança chora na minha porta
querendo entrar
na casa que não é minha

o que eu faço com quem procura
com quem grita a inocência de menino?

um menino é um menino
é daquele que passar

passar é a tristeza do menino

a corda que arrebenta
pro lado mais fraco
é a própria tristeza do menino

gosto da sua letra bem contornada
de forma, em forma
mas a vida chora aos soluços do menino
indiferença da costa que se vira

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

agora que te vi na minha frente
consigo reconhecer tua voz nas tuas palavras

agora que reconheci o ancestral
consigo ver a sua voz nas palavras

é agora
tudo está acontencendo