segunda-feira, 19 de maio de 2014

azul pedra mar

lápis-lazúli
azul índigo
azul pedra mar

banho de mar
banho de sal grosso

rachadura azul
geometria do caos
movimento das marés



domingo, 18 de maio de 2014

pier

severa nuvem afogada na água turva da baía
sincera água da baía afogada na dimensão mais íngreme

mergulho

poderia eu ter caído na água turva
pra mergulhar na nuvem refletida
se assim fizesse estaria perdida
não haveria pescador nem turista para me salvar

a vizinha dizia que colheria flores para mim
que ficaria bonito na composição do quadro
mas agradeci cordialmente
disse não às flores amarelas do jardim

disse não porque me interessava o azul
que nunca foi nem será
pois não é

terça-feira, 13 de maio de 2014

não sou eu

não sou eu que decido
a minha barquinha
que no mar me guia

eu seguro o leme
mas a barca me leva
leve a música anacrônica
a memória



diante do céu me dizendo acordada
a luz penetrando a montanha mudando
a cada segundo
o imutável

fiz até uma tentativa
mas não era mais possível alimentar a mentira

pelo nosso bem
pelo bem




terça-feira, 6 de maio de 2014

praça xv

os skatistas ocupam o largo
antes de derrubarem de vez a perimetral
antes da vinda da família real
antes da barca chegar
ao som da banda de rock com mil delays
malha que ocupa a atmosfera noturna
antes das máquinas da destruição derrubarem de dia
dizendo limpar a paisagem vista
tá quase chegando em frente as barcas
o recado da intransigência
com a boa aceitação eleitoral

quinta-feira, 1 de maio de 2014

um tempo que se foi no poderia ser

engorgitado a escolha
tão orgânica é a resposta
que diz: és tola



mas uma vez optei pelo morto
embrulha as tripas
e corta o sopro



me senti sozinha
procurando o que fazer
no intervalo da esquina



viagens

fiz minha mala e ainda sonho
tô sonhando agora mesmo com o que eu sou deveria havia seria sou sido
um sonho levando malas
malas são sonhos com roupas limpas e sujas
guardadas dentro de sacos para não contaminar
mas também a música que inspira a poesia que chega
lembrando

é possível é possível impossível possível não importa

leões e atmosferas noturnas
daqui e de lá e daí e de onde você está
onde eu estou também tanto faz para a conversa que temos agora

levo espelhos na bagagem
e penas no coração
fazendo cócegas e colorindo a alma

cores e a atmosfera noturna
o céu azul mais limpo
estampando bandeiras e comendo as cartas
com o fogo atmosférico do instante arrebatador

quero você mas mais ainda me quero aqui agora mesmo comigo mesmo eu mesmo

eu suporto estar só nessa viagem
pode vir marchas fúnebres ou vermes na tigela
tenho um lenço branco na mala
que tudo limpa com amor de um bordado de mãe no canto esquerdo
toda cidade pequena lembra a cidade onde tua mãe nasceu

sou eu um monólogo dessa estrada
sou a cordilheira que vejo da janela do meio de transporte mais interno
a fonte do mistério vem do alto das cordilheiras