sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

sonhos de desconexão

não quero ser projeção para seu ninguém
além de mim
um sussurro explora cada membro e órgão

vejo-te quebrando cada reflexo
do espelho que botei na nossa frente
para protelar a reflexão
do que havia no avesso das telas

e então eu amanheci com planos de desconexão
adentrei desejos passados pelas veias pulsantes do agora
na demora dos anseios
chutando a servidão

pisei em casas desconhecidas enquanto construo a minha
com poeira sem porão
cercada de plantas abertas da percepção

algum sussurro surge do mato escuro
são rostos muito diferentes dos nossos

escondo-me, vejo de longe
adentro mato adentro
em um sonho plano puro

as passagens secretas de nossa casa
não estão na planta baixa



quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

geração

não há nada que não estude sobre mim
nem sonhos recorrentes
nem o corpo, nem I Ching
cada vez que revejo
imagino que é tão rápido, fulgaz

se sentir não é o bastante
mas já é tanto
que me tira o fôlego

me perco, me acho
no sonho conheço pouco dos caminhos
que eu mesmo faço

as sombras projetadas na casa
contam histórias, narram objetos
falam dos músculos que voltam ao lugar
das palavras novas do vocabulário
dos estigmas e dos enigmas
percebo que já faz um tempo que sou assim
e reencontro porque me formei desse jeito

o ano termina

o ano é só uma convenção

quando fazemos o que há pra ser feito

não sobre espaço pra enrolação 

oráculo

o oráculo me disse para olhar apenas agora
que desafio foi lançado junto aquelas moedas
risadas na rua
sons vindos de todos os lados
observo calma e quando menos espero
vejo tudo começar