sábado, 25 de janeiro de 2014

rolezinhos etc e tal

"vai procurar emprego!",
"eu ganho bem pra caralho",
"shopping não é lugar de manifestação não, é perigoso pra todo mundo, isso pode de repente virar uma bagunça generalizada",
"só quer bagunça, só quer aparecer",
“existe um plano, sim! Pode botar aí. Existe um plano de ocupação comunista, totalitarista no país! Será que ninguém quer ver isso?”



terça-feira, 21 de janeiro de 2014

eu atrabalho

você não tem tempo para mim
apenas pro trabalho

eu não dou trabalho
não trabalho
não sou trabalho

eu atrabalho

eu sou o tempo desviado da flecha
que atinge tua testa qualquer hora dessas

na hora que você vê que eu não existo
na hora que eu desisto
de mostrar algum eu
desnecessário

eu atrabalho

domingo, 19 de janeiro de 2014

devir

um passarinho cantou no galho
pertinho de onde construiremos nossa casa
que já está conosco aqui
neste chão

próximos a portais
nos quais adentramos
para conhecer nossa morada



segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

ataques

- novamente pra cima deles, é ônibus, é polícia, é bombeiro, é tudinho, tá ligado?

- mãe, não vai pegar ônibus nem hoje nem amanhã.
vai rolar uma chacina em São Luís hoje.

- o Maranhão está melhor e bem estruturado.

domingo, 5 de janeiro de 2014

viagem ao Acre

o que eu pensava ser a lua
era o sol se pondo no céu já escuro
na beira da praia de rio um acreano

sábado, 4 de janeiro de 2014

espaço velho ex passo novo

numa duna de areia molhada
choveu e ninguém viu nada
nela, uma cabana de teto de palha
nela, um urubu adianta o olhar sobre nós

vimos o lixo no mar do ano novo
ele viu nossa carne morta viva
água escura no mar que era claro
só vimos porque desejamos mergulhar
se não, o contrário, rosto virado

e é claro
o mar é o mesmo daquele que é turvo
do mangue do norte ou das correntes frias
do putrefato condomínio zona sul
de um lugar dito civilizado

ontem a noite
pedalando entre cidades do mundo velho
constatei e vi

por lá tudo já desmoronou
cidades memórias por onde nos perdemos
por onde já perdemos
e se queremos ser como elas
digo que já já conseguiremos
no tempo mal medido da ultrapassagem
o caminhão do agora atropela o que seremos

calor escorre pela nossa virilha
sabemos que fodemos o espaço
estamos rindo de desespero
comprando décimos presentes terceiros
quentes ofertas parceladas no frescor do ar condicionado
e é quente o sangue que escorre do preso decapitado
vira fogo vira bala
vira nosso medo da barbárie
que não queremos acreditar
que já vivemos
já que vivemos
é quente e pega fogo


poderia ter sido outro, mas é esse o poema ano novo