não mexe no que tá quieto
que logo vai isalar
vai derramar
vai acasalar
não olhe pro lado
não tente limpar
que vai isalar
por todo lado
vão acasalar
os vermes da casa
vão procriar e derramar
pelos poros da preguiça
eles dormem, comem e gargalham
no meio do lixo que há
com pobres cães fétidos
companheiros fiés inocentes
compartilham vermes
gritos, bactérias e poeira
não mexe que a poeira sobe
e cega o olho
mediocridade
imundice
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
carta
dias que não escrevo
pensei que pudesse haver
alguma coisa que justificasse
algum luto por vir
um pássaro que vôa baixo
pensei que esse silêncio é sísmico
e lembrei que havia muito tempo
que não limpava meus olhos
via você aparecendo no canto da sala
levantada de seu repouso imóvel
quase uma aleijada
você apareceu sutil
nem precisou entrar onde eu estava
apenas surgiu epifânica
eu sabia o que você queria
porque te conheço desde pequena
sabia que você veio me chamar para morrer
que precisava que eu rolasse no chão dos seus gemidos
um relâmpago vindo de dentro da terra, grunindo
você precisava escutar eu dizendo que poderia ir
não que isso fosse uma permissão
mas um crédito a nossa amizade
um mot de passe
transformada na minha primeira boneca
com o crânio cheio de alfinetes
trançado por finas linhas
tive a certeza que não mais respirava
pensei que sua cabeça poderia estar doendo
você que não suportava mais nem um toque de tamanha dor
aguentou o meu abraço
que dizia que você podia ir
(alguém descobriu essa cena por trás da porta
pegou-me no flagra com aquela boneca na mão
com o crânio perfurado por alfinetes)
pensei que pudesse haver
alguma coisa que justificasse
algum luto por vir
um pássaro que vôa baixo
pensei que esse silêncio é sísmico
e lembrei que havia muito tempo
que não limpava meus olhos
via você aparecendo no canto da sala
levantada de seu repouso imóvel
quase uma aleijada
você apareceu sutil
nem precisou entrar onde eu estava
apenas surgiu epifânica
eu sabia o que você queria
porque te conheço desde pequena
sabia que você veio me chamar para morrer
que precisava que eu rolasse no chão dos seus gemidos
um relâmpago vindo de dentro da terra, grunindo
você precisava escutar eu dizendo que poderia ir
não que isso fosse uma permissão
mas um crédito a nossa amizade
um mot de passe
transformada na minha primeira boneca
com o crânio cheio de alfinetes
trançado por finas linhas
tive a certeza que não mais respirava
pensei que sua cabeça poderia estar doendo
você que não suportava mais nem um toque de tamanha dor
aguentou o meu abraço
que dizia que você podia ir
(alguém descobriu essa cena por trás da porta
pegou-me no flagra com aquela boneca na mão
com o crânio perfurado por alfinetes)
sábado, 18 de agosto de 2012
absorção
caminho reto
dos 4 graus do equador
terreno com pequeno relevo
baixo verde claro meio cinza
de vegetação aberta palmeirinha
vibrando nos ventos alísios
no sol branco de todo dia
hora em que não se ofusca a vista
caminhando reto em direção dessa bola branca
com duas estrelas abaixo
mais uma lua nova emborcada por cima
caminhando reto cantando sentindo chegando
na rua que separa o que é do outro lado
montanha mata fechada subida fria
eremita coopta
enlevo
dos 4 graus do equador
terreno com pequeno relevo
baixo verde claro meio cinza
de vegetação aberta palmeirinha
vibrando nos ventos alísios
no sol branco de todo dia
hora em que não se ofusca a vista
caminhando reto em direção dessa bola branca
com duas estrelas abaixo
mais uma lua nova emborcada por cima
caminhando reto cantando sentindo chegando
na rua que separa o que é do outro lado
montanha mata fechada subida fria
eremita coopta
enlevo
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
armário
armário fechado
cheio daquilo que nem mais lembrava
daquela roupa de perfume mofado
da história mofada daquela carta
que dava pena
mas nem reli
foi direto pro lixo
junto com o tempo investido
pra arrumar o armário
precisei de três dias inteiros
e enormes cestos de lixo
pra acomodar o tempo vivido
revirado pelo mendigo da rua
que rasga os sacos em sua triagem
enxotado pelas donas das casas
o preto homem nas portas
dos armários
guardo o cheiro de mofo
a gaveta mais baixa
o compartimento mais alto
reservado para os itens mais nefastos ou prezados
armário aberto
cheio daquilo que nem mais lembrava
daquela roupa de perfume mofado
da história mofada daquela carta
que dava pena
mas nem reli
foi direto pro lixo
junto com o tempo investido
pra arrumar o armário
precisei de três dias inteiros
e enormes cestos de lixo
pra acomodar o tempo vivido
revirado pelo mendigo da rua
que rasga os sacos em sua triagem
enxotado pelas donas das casas
o preto homem nas portas
dos armários
guardo o cheiro de mofo
a gaveta mais baixa
o compartimento mais alto
reservado para os itens mais nefastos ou prezados
armário aberto
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
erê
tu me trouxestes uma boneca
miniatura de mim
vestida de amarelo
alecrim de festejo
cabeça sem cabelo
eu a guardo anos a fio
no passar das rugas
no trepidar
no arrepio
na rouquidão da voz
que só chegava a noite
só chegava a noite
por vezes meio dia
um telefonema
na casa da vizinha
um sem tempo
sem fim
sem linha
uma tarefa inacabável
erê dorme na rede do quarto
feito de plástico carcomido
por outro erê escondido
pensando na vida
como chora, pobrezinho
anos a fio
aguarda
miniatura de mim
vestida de amarelo
alecrim de festejo
cabeça sem cabelo
eu a guardo anos a fio
no passar das rugas
no trepidar
no arrepio
na rouquidão da voz
que só chegava a noite
só chegava a noite
por vezes meio dia
um telefonema
na casa da vizinha
um sem tempo
sem fim
sem linha
uma tarefa inacabável
erê dorme na rede do quarto
feito de plástico carcomido
por outro erê escondido
pensando na vida
como chora, pobrezinho
anos a fio
aguarda
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