quarta-feira, 5 de março de 2014

escrita corpórea

tá tudo escrito no meu corpo
minha história e meus erros
minhas quedas no joelho, na canela, no braço, na boca

cai de boca no chão
chorei e perguntei
por que eu?

criança, eu

marcas da borracha do tempo
sem perspectivas
com alternativas
uma história cicatrizada
que insiste em lembrar
quando o esquecimento é limpeza

borrada com marcas celulares me pergunto
quem eu?

células se renovam
nosso corpo que é muitos durante a vida
e talvez apenas em sobrevida
me veja
sem história
com vida

Um comentário:

Bruno Ferreira disse...

o que está escrito no corpo como azulejos nas paredes e camadas de piche que cobrem superficialmente o asfalto. as imagens da postagem acima também possuem ecos nesse poema. a cicatriz como lembrança presente e ao mesmo tempo longe da dor com a qual foi inscrita.