e vieram pelas bocas de rio
tudo o que nossas bocas não consomem
e mais o próprio rio com suas plantas e cobras
enrroladas em copos, sacos, baldes, cadeiras
tênis, raquete, televisões, sofás e monitores
e toda sorte de embalagem
que não envolvem mais nada
um sambaqui, agora epitelial, daquilo que somos bem
lixo
que vem pela maré, pelo vento forte e chega aqui
atrapalhando o sábado do turista
lembrando do que sempre esteve ali
do outro lado da baía
lembrando o cão doméstico
que ele gosta é de carniça
chamando os urubus
e os garis
para uma conferência sobre a limpeza
e sujeira humana
***
Um comentário:
- seria um paradoxo, pois talvez faríamos mais sujeira, mas seria digno de mostrar sua inspiração para a poluição dos povos - que, sabemos, começa dentro de nós.
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