terça-feira, 5 de abril de 2011

uma luz verde
dança no prédio vizinho
naquela madrugada

quadros camuflados
surgem na parede do quarto
em um atitude sínica
como se sempre estivessem ali

não precisamos de óculos
para tirar nossas dúvidas
muito menos de sapatos ou asfalto
para andar pela estrada

e muitas são as vezes
que não dá em nada
 
luzes que travam nosso sono
desses tempos lacrados
em material plástico


espetam nossas pálpebras
como a angústia de um gordo mórbido
que ao entrar no ônibus
não consegue sentar

angústia que precede
peso dos nossos corpos caindo por toda parte
articulações pagando penitências
e nossos olhos ainda travados

é preciso dar uma lembrança
pra quem precisa dela
pra quem não tem nada

pra quem consumiu o passado
um estojo aveludado
comprado nas mãos de um charlatão

Um comentário:

Bruno Ferreira disse...

lembrei quando se está em frente a uma vela de olhos fechados e ainda assim vemos uma lona vermelha que se move ao vento