terça-feira, 20 de maio de 2025

Pacha

vejo a varanda
tu não estás
vejo na lembrança
vazio restante
aperto constante
no meu peito enlutado

terra come teu corpo neste instante

língua que assinalava
músculos que corriam
olhos que confirmavam
comunicação do espírito

que se foi no último hálito
mandíbula totalmente aberta
depois de completamente travada

lá se foi teu espírito
na tua última pulsação
que senti se despedindo 
da minha mão que apoiava 
o teu peito debilitado

queria uma confirmação
tive com a parada
estou tendo nos dias que passam
como canção arrastada

que toca na caixa 
com o vazio dos cantos da casa
que deságua no córrego ao lado

onde banhaste pela última vez
repousando teu corpo murcho 
na lama no fundo depositada
das últimas águas 
do teu verão chuvoso

Nenhum comentário: