quarta-feira, 16 de março de 2022

frenesi

o vazio nos olhos de quem tudo tem

cheios e transbordantes os de quem soube criar

ao longo de anos
a velhice veio em rugas profundas
não para parar o corpo redefinido
reforça o que deixou pro mundo
rumo ao ancestralizar

a dança, a voz e os instrumentos
que me entregam a carta com a descoberta
vinda em sonhos

contados aos anciãos pela manhã

o vigor não mora nos olhos dos mortos ainda em vida

aloja-se nos músculos que mesmo cansados
ainda se jogam no frenesi


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