fugindo da crueldade dos homens
da truculência patriarcal, pátria, patrimônio
refugiei-me em terras pequenas
secas pela estiagem
maltratada por cortes desequilibrados
para regenerá-la
e me regenerar junto com ela
para gerar
para mudar
de planta a planta
de vaso em vaso
do vaso ao chão
muda, parada, silêncio
arranquei ervas daninhas
ando matando progressivamente
um macho insano e estéril
abrindo o útero da terra
penetrando sangues e sementes
muda
aguardando pacientemente a chuva chegar
para lavar todo resquício insolente do dominador
só
lentamente
a água encharca o córrego pluvial
mas com ele vem a sujeira do mundo lá fora
*
misture terra debaixo das folhas
cinza das palhas queimadas
adubo de palmeira babaçu
terra daqueles vasos
dentro deles já existem plantas
esperando ser regadas
não esqueça de molhar teu chão, tua criança
(janeiro de 2018)
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