sábado, 5 de setembro de 2015

ainda

ainda somos pelo o que passamos
ainda podemos voltar na casa vazia
pra despedida dos animais e das plantas

eram a nossa companhia de todos os dias
quando dormíamos
faziam vigília

e ainda fazem
mesmo sem ninguém por lá

não suportamos ver o abandono
reconhecer apenas detalhes
que não interessaram a ninguém
ficaram como lâminas pra nossa sensibilidade frágil

animais e plantas não se importam tanto
mas compreendem que fomos
e que talvez não voltemos mais

ainda que tenhamos lembranças
estômagos embrulham sorrisos perdidos
miados quando abríamos a porta pela manhã
gritos inaudíveis nos cômodos em desuso

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