domingo, 18 de dezembro de 2011

notas de dezembro

orientamo-nos aos arquivos
tristes pelo o que não fomos
este ano está acabando
e não deu tempo de usar
nosso próprio arquivo
infinito, bons e maus vizinhos
abacaxi mel, banho de cheiro
reza pra garganta e pro pescoço
frouxos pelo que achamos
que deveríamos ser
neste ano não temos mais dias
suficientes para realizar nada
só confraternizações
perdemos sete dias
e nove noites
com seus intervalos de memória
ativados em lapsos melancólicos
que dá vontade de rir
dá vontade de fugir
mas não há quilombo
nem exílio, nem deserto, nem mar
assim são os dias quando o fogo chega
nos sonhos
incendiando festas
com suas pessoas
no circo foram mortos, feridos e mutilados
no trânsito, um homem ainda se mexe
de sangue rodeado
sobrevive, por quanto tempo
eis a época da natividade
da realidade reduzida à linguagem

Um comentário:

Bruno Ferreira disse...

o fogo vai incendiando as pessoas sem que percebam...parece que só vão perceber quando virarem cinzas ou uma página virada do ano que foi, uma cicatriz que pode não acontecer, apesar do sangue que seca no asfalto, acho que os caminhos valem à pena e também sinto que mesmo com toda a velocidade a gente consegue estar na paisagem mas também continuar no caminho