terça-feira, 14 de dezembro de 2010

locação

saimos sem saber da paisagem que vem
sabemos só que nossas imagens mentais
mentem descaradamente
e que nossa lembrança de primeira viagem
é um filme de única exibição

e ainda chove
navi oruali
nas pedreiras
ainda chove
e vamos seguindo
antes que o toró caia
vamos pro galinheiro
se abrigar numa asa

eu que era criança como você
e hoje me calei mais

eram os anos novos se adiantando
antes do seu tempo de virada

Um comentário:

Bruno Ferreira disse...

realmente, é na frente da paisagem que podemos imaginar estar ali mesmo, no lugar que se está, ainda que por ilusão da matéria, ou na falta de uma palavra mais apropriada pra descrições da existência. palavras pra chuva lavando os olhos, apaziguando o calor de franzir testa da terra. água mole em pedra dura a pedreira ali um canteiro de sabonetes infinitos derretendo...sendo uma bolha de sabão no vento, a criança que está aqui mais quieta e mais observadora, anos de perguntas e eras de lembranças, movimento das imagens