terça-feira, 14 de setembro de 2010

os aniversários

a idade
uma receita aberta
de miríades de órgãos
cansados e entrecobertos
pelo o que passa ou chega
alaga nossas lembranças
que amamos ou queremos nos livrar

servimos água para o beija-flor
dentro de uma falsa natureza
e ainda assim
ele chega
e nos alarga
com um canto
um clamor
que nem sabíamos que existia

Um comentário:

Bruno Ferreira disse...

cada flor que traça o caminho diário do colibri assim como os dias e as eras do universo e o seu canto suspenso no ar, tudo isso vai compondo a paisagem em constante mutação. os quadros nas paredes em contato com um certo tempo, as cores que passaram por ali no encontro com a tela. a idade: receita para o contador de histórias, que a pega já iniciada desde a primeira voz do mito e a deixa sempre no ponto continuando, para que a narração seja a construção coletiva...