sábado, 25 de maio de 2013

planta da casa

me esforço para lembrar do meu sonho
minha casa
frente de taipa bem refinada
piso vermelho, barato, encerado
cuidadosamente por minha amada
um corredor com uma mesa bagunçada
nosso quarto, minha rede
a cozinha, a melhor parte
o quarto dos meninos sempre bagunçado
o banheiro a direita
a porta pro quintal
o abacateiro, o galinheiro
uma escada encostada na parede

não quero fotografias
que apareçam os defuntos que somos
não quero que ninguém guarde minha poesia
nada me tratá de volta suas mãos

você não sabe sentir minha dor de perto
incapaz de vivê-la
em vão desperto na frente da casa
com jardins de plantas roubadas
pequenos galhos que pegaram

sua ladra de plantas!

Carniça

A carniça chega na praia
veio numa ondinha despretensiosa
reúne pombos, garças e urubus
preta com cheiro de peixe

chegam cachorros correndo ao seu encontro
e fazem todos voar

a carniça deliciosa
chega
na ondina

.


A carniça chegou por um telefonema
a dor dos ombros meus
a dor dos ombros do meu pai
a desesperança da minha mãe
a apreensão da minha irmã
o vazio nos meus irmãos
o consolo do pobre cão inocente

cheira e come carniça
se esfrega nela com tamanha paixão
prazer de fugir para ir ao seu encontro

A carniça se decompõe
é consumida
fede e nos incomoda
nos dá nojo
é assombrosa

A carniça é deliciosa
chega
na ondina

quinta-feira, 23 de maio de 2013

solo

por que faço isso agora
o que justifica meu ato
meu inato
atoado
à toa
à-toa
à

quinta-feira, 2 de maio de 2013

prove

prove que você não é uma máquina

agora

quero que você me entenda
com meia palavra
sem eu precisar dizer muito
com silêncio
pelo olhar
pela distância
por telepatia
quero que você entenda