terça-feira, 20 de julho de 2010

um ano depois
o que sucedeu

as mesmas linhas
alguns nós
desenrrolaram
outros pois
reconduziram
a outros novelos
de nós


o pensamento cresce
na direção das águas

sábado, 17 de julho de 2010

O Ritornelo, uma poética musical

Há mais ou menos dois meses, eu e Bruno Barata decidimos fazer o curso de arte sonora na EAV Parque Lage, com os professores Saulo Laudares e Franz Manata. Decisão no feeling, nem sabíamos direito o que era delimitado por Arte Sonora na verdade, mas desde a primeira aula fomos indagados para pensar um trabalho para um happening.

Foi daí que surgiu a idéia de explorar o conceito do ritornelo, que é pertencente a vários domínios. Trata-se dos movimentos de retorno, seja relacionado à música, como um refrão, ao comportamento dos animais que marcam seu território ou ainda filosoficamente, relacionado à construção da subjetividade humana.

Os movimentos do ritornelo demonstram a lógica cíclica da natureza e foi o que inspirou a construção dessa “performance” realizada ontem pela primeira vez com caráter experimental de uma poética musical. A idéia era explorar os movimentos do ritornelo, “procurar um território”, “partir” e “retornar”, pelos números 6, 9 e 8, três movimentos e três momentos nesse show experimental.

Este tempo cíclico do ritornelo é expresso em um conceito base: o looping, a repetição de uma amostra. Sete músicas foram compostas unindo capoeira com blues, caixa do divino com melodia árabe ou canto de pássaros, entre reverses e explorações dessas loops no live, como uma gaita capoeira ou um tambor de crioula no qual o tambor grande é uma guitarra. Fora as músicas: Orvalho em Desatino, É, Sambaqui, Sem Aviso, Samba dos Barbilhões e Ritornelo. Essas foram escolhidas no livro de composições do Bruno, pensando sempre nos ritornelos da vida.

O Happening em si foi bem legal. O conjunto dos trabalhos davam uma consistência ao todo e a chuva interminável de ontem parecia que estava no lugar certo. Eu, na verdade, pensei que deveríamos estar numa sala menor, algo mais intimista e para manter a idéia de cantar sem microfone, já que fazer isso em uma sala relativamente grande era difícil de comunicar, em especial a letra das músicas. Mas calculamos mesmo que existiria esse vai e vem do público e cada pessoa que falou conosco depois, parecia ter gostado momentos diferentes.

Ontem ao agradecer, disse que era grata aos que ficaram, mas não somente, a todos os que ali passaram, aos professores e colegas do curso de Arte Sonora, à Carolina Libério, Marrytsa Mel, Claudiana Cotrim e a Victa de Carvalho, que muito cooperaram, além de todos os mestres que nos guiaram nesta pesquisa.  Dedico esse trabalho também à Karem, minha sobrinha, que ontem fez 2 anos, e à minha orientadora do mestrado, Fernanda Bruno, que viajou ontem pro PosDoc em Paris, e que foi em uma das suas aulas que estudamos o texto do Guattari de onde veio as primeiras idéias.

Continuamos estudando e esperamos realizar a performance em breve, melhor e até o fim, concluindo os movimentos e transformando o que somos, em um ritornelo que não é apenas sonoro, mas poético, entendendo que o som e a música estão presentes em toda matéria e expressam este movimento de ação contínua, os ciclos, o eterno retorno.







Fotos de Carolina Libério

terça-feira, 13 de julho de 2010


Depois do curso de arte sonora, eu e bruno barata preparamos um trabalho que visa ser um laboratório de um show experimental a partir das nossas pesquisas sobre esse conceito instigante, O Ritornelo.
Sendo mais questionamentos que resultados, essa "performance" procura mais o caminho que a chegada.  Aprender vivendo. Vamos saravar!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

o corpo nu
é o corpo da dobra

o que sobra
depois
e antes
de tudo o que cobre

adereços

domingo, 4 de julho de 2010

se andamos desenfreados
paramos com a queda
fervor do meio-dia
dia com o clamor
dos sentidos
enganadores talvez

ingenuidade não é virtude
só os bons dão sem querer
e os bons são poucos
e ser bom é pouco

a comida selecionada
do caldeirão do rei
veio da mesma plantação
do grão que se estragou

quinta-feira, 1 de julho de 2010

a matemática
acaba com o acaso
com a casa
dos grãos e dos pontos
a escala é a escada
que subimos
circulando